Pais e educadores

Uns dias atrás escrevi aqui um texto sobre professores e educadores. No dia em questão não quis falar muito sobre o trabalho árduo dessa profissão, afinal, só queria homenageá-los mesmo (e me homenagear também, porque não?)!

Hoje a “cobra vai fumar” hehehehe!

Quando resolvi estudar pedagogia, fiz a escolha de coração. Queria muito dar aulas! Adoro crianças! Mas, a realidade que estudávamos sobre a profissão e suas áreas de atuação mudaram quando fomos p/ a “prática”! Na teoria o pedagogo faz uma coisa, na prática outra completamente diferente!
Eu sabia que professor ganhava mal, mas não esperava que fosse TÃO mal assim! Fora as más condições!!!

Exemplos básicos: a partir de 12 alunos dentro de sala de aula, é necessário (previsto por lei, inclusive), uma auxiliar dentro de sala p/ ajudar a professora. Isso sem contar maternal, que sempre é preciso mais gente, afinal, esses pequeninos exigem mais atenção e trabalho.

Nas escolas particulares menores, aquelas de “casinha”, isso não ocorre! O motivo: a mensalidade não pode ser tão alta, pois nem todos os pais podem arcar com R$500,00 todo mês.

Ou seja, eu tinha 17 alunos de 5 anos: sozinha!!!!

Não me entendam mal, adorei trabalhar lá! Amava meus alunos! Mas, confesso que se eu tivesse uma mãozinha a mais, o trabalho seria bem menos doloroso.

Mas eu escutava coisas como: Ô tia, eu não estou dando “conta” do meu filho! O que é que eu faço? Não tenho paciência! – Dava vontade de responder: Ô mãe, quem tem que dar conta é você mesmo! Ele fica comigo de 13h às 17h! Quem tem que impor limites é você! Eu nem sou mãe! (Eu ainda não era!). – Eu não me lembro o que respondi. Mas foi algo parecido com isso, porém mais “açucarado”! Hehehe!

Meu passado me condena! Eu não era boa aluna! Não queria saber de estudar! MAS, ai de mim se desrespeitasse um professor! Eu ia dormir “quentinha”! Rs...!

Outra realidade: todo mundo adora falar que o professor deve ser valorizado! Que a solução do Brasil está nos bancos escolares! Que o professor é a base de todas as profissões! MAS, cobra um pouco mais na mensalidade p/ pagar bem um profissional p/ você ver o “manifesto” dos pais! É um absuuuurdo pagar isso tudo de mensalidade!!!! – Claaaro, gente, que tem escolas que cobram um absurdo mesmo!!!
Entretanto, todo mundo quer seu filho bem formado, mas o professor é que se dane p/ pagar as suas contas.
Mas tem gente que gasta mais em roupa, bolsa, sapato, aparelho de TV, cuidando do carro e etc. que a educação do filho. É um inversão de valores que quem mais se prejudica é o aluno! Sempre!
Quem não trata educação como prioridade não cuida do futuro dos eu filho.

E quanto ao educador, muitos nem lembram que este também tem contas! Que tem vida própria! Que também tem filhos, e que esses filhos ficam doentes, também estudam em escolas, universidades...que também querem as mesmas coisas que os alunos: brinquedos, viajar p/ Disney, atenção dos pais!

Eu chegava a receber telefonemas na escola, quando estávamos em reunião, às 20h: Alguém já foi buscar o "fulaninho"? Não? Então estou indo aí!" Pobre criança!!!!!!!!!!!!!!!!!! E criança lá, sozinha, assistind TV na salinha. 

Eu sei que infelizmente, existe sempre “aquele” profissional que queima o filme de uma classe toda. Traumatiza a criança, exclui-o do grupo, trata-o com indiferença ou maltrata-o e etc. Isso existe sim! Não tem jeito! Existe profissional bosta em qualquer lugar do mundo! Na escola não é diferente! E esta “coisa” deve ser questionada, chamada atenção ou até mesmo demitida do cargo se preciso, pois se não está feliz na profissão, que procure outra! Mas não brinque ou desfaça de qualquer ser humano!

Voltando aos BONS profissionais:

Uma vez assisti a uma palestra em que o palestrante nos questionou:

Gente, se (alguns) pais atualmente, exigem dos professores “tarefas” além da obrigação deles, pois, como eles trabalham o dia todo, não podem executar e/ou administrá-las, será que a escola não deveria se adaptar a essa “NOVA” realidade? Dos educadores fazerem um papel maior na educação do aluno?”

Olha...eu penso o seguinte: se eu delego ao educador parte dessa educação (que deveria vir de casa), ele também deve ser responsável por decisões da família, certo? Então se cabe o professor ensinar valores, costumes, comportamentos, higiene e etc., ele pode intervir na escolha da escola, das roupas que o aluno usa (no caso de algumas adolescentes, na “falta” de roupa, não é?), dos materiais que ele trás p/ escola, no lanche que ele leva na lancheira. Assim como pode colocar de castigo, tirar a televisão e a sobremesa, escolher quais programas de TV a criança pode assistir, ou dizer qual exercício físico ele deve fazer ou levá-lo ao pediatra, estipular o horário de deitar e acordar, cuidar da alimentação dentro de casa. É ou não é?

Para mim, isso é função de pai e mãe! Não de professor!!! Se o professor, (como aqueles dos filmes que indiquei) fazem coisas além do horário ou do dever deles, é escolha deles! Não pode ser uma obrigação! Nem todo professor pode ficar além do horário sempre, afinal, ele também tem sua vida, filhos p/ criar, janta p/ fazer, pais idosos p/ cuidar, aulas à noite, companheiro p/ conversar, cadernos p/ corrigir, aula do dia seguinte p/ planejar, momentos de diversão e etc.

Não se pode esperar essas coisas “além do dever” sempre. Nem todos podem! E esperar isso é inconveniente. Então se o professor não me ajuda a ensinar meu filho a dizer por favor, obrigada e com licença ou não me ajuda a impor limites a ele, ele é um mal profissional?

Me desculpa, mas isso é transferir responsabilidade!

Muitos falam do quanto é valioso ter educadores que marquem as nossas vidas. MAS é muito importante ter pais presentes, que nos acompanhem pela vida. Que esses pais dêem ensinamentos que guiem nossas vidas, momentos de prazer e diálogo que marquem nossas vidas.

Assim fica fácil educar! Deixa o filho o dia inteiro na escola, de manhã ele tem aula, almoça na escola, à tarde na própria escola tem judô, natação, balé, reforço e etc. e quando chega em casa ainda tem a babá e/ou avó que dá janta, brinca, dá banho, põe p/ dormir e os pais só chegam (se chegam) p/ dar um beijo de boa noite.

- Ele é tão tranquilo, meu filho! Nem dá trabalho – Claro!!! Você não convive com ele o dia todo!

Então, gente...quantos pais perdem os filhos dentro de casa?

Tenho “conhecidas” que faz isso, mas, PIOR, não trabalham fora! Deixam o filho o dia inteiro na casa da avó e/ou na escola! Só o buscam quase na hora de dormir! Assim dorme no carro e “nem dá trabalho” p/ colocar p/ dormir!

Tenho muitas amigas trabalhadeiras que curtem mais as 3 ou 4 horas juntos dos filhos do que “essas” que só prezam pelos seus interesses!

Filho dá trabalho, minha gente! Mas é o melhor trabalho do MUNDO! E o educador não pode vir p/ “suprir” a falta de alguns pais, não essa a função dele. Cada um com seu filho! Como diz o ditado: Quem pariu Mateus que o embale!

Aí depois não sabe por que a criança não respeita, é cheia de problema de saúde e problemas emocionais. Não sabe por que não quer saber dos pais na adolescência, na fase adulta, larga-os no primeiro asilo que aparece. Xinga os pais de palavrões.

E não adianta ser presente e não dar limites! Limites é sinal de amor!

Se você não corrige seu filho agora com o seu amor, o mundo vai corrigi-lo na dor. Impor limites p/ criança é um sinal de que “tem alguém no comando”, alguém cuidando de mim! Mesmo que na hora eles briguem, xinguem, façam birra, diga que nos odeiam, batam, esperneiem, chamem a polícia e etc. É aquela velha frase que nossos pais diziam: No futuro vocês vão me agradecer! E/ou: Quando vocês forem pai/mãe vocês vão me entender! ­

Tem pai e mãe que não quer que seu filho tenha medo deles! Gente, não é p/ temer os pais como se teme uma guerra nuclear, mas o “temor” é necessários. Muitos dos “amigos” que conheço que não tinham medo dos pais, faziam o que queriam! Comandavam a casa! Imagine os caminhos que eles trilharam, não é?

Pai e mãe, obrigada pelas correções, tapas que precisei levar, berros e chamadas de atenção! Muito obrigada! E sim, hoje em dia eu entendo vocês! E a cada dia que passa, compreendo-os e o admiro-os ainda mais!

Enfim, pessoas, não adianta delegar a função ao professor! Cada um na sua, com alguma coisa em comum! Rs... Sei que isso é propaganda de cigarro, mas é uma filosofia interessante! Temos nossos filhos em comum, nós pais e nós professores. Se cada um se dedicar a sua função corretamente, criaremos GRANDES personalidades p/ as gerações futuras: bons filhos, bons cônjuges, bons arquitetos, advogados, engenheiros, médicos, educadores, administradores, motoristas, cidadãos...BOAS pessoas! Que nos darão orgulho de dizer: Esse é meu filho! – Esse foi meu aluno!

Bom fim-de-semana a todos!

Beijos!!!