sábado, 3 de outubro de 2015

Amamentação

Quando engravidamos, temos expectativas muito grandes referente a tudo que vamos passar. Umas se imaginam cansadas e se surpreendem com tamanha vitalidade. Outras, se imaginam fazendo todas as suas atividades normalmente e são surpreendidas com alguns probleminhas que a mandam fazer repouso. Outros planejam o parto normal e por vezes ele não ocorre. Outras esperam amamentar e não conseguem.

Bom...quando engravidei de Arthur, apesar de ter passado mal até o 4º mês, eu me sentia muito disposta! Fazia caminhada, pilates e hidroginástica. Andava para tudo que é canto! Só parei de "borboletear" quando entrei no 8º mês e minha barriga chegava primeiro em todos os lugares. Quando eu subia as escadas do prédio que eu morava e tinha que parar na metade para descansar. Uma amiga (hoje minha comadre) ouvia-me subindo e gritava de dentro de casa: - Quer ajuda para subir, Lari? - E eu respondia: - Está tudo Ok, Terezinha, eu chego lá! - Rs...

Já barriguda da Ciça...meu Pai. Eu estava sempre prostrada. Só fiz hidro e pilates pois minha coluna estava acabando comigo. Mas confesso que eu ia me arrastando. Já sou "mega-fã" de exercício físico....grávida então....era um martírio.


Parto do Arthur: como entrei em trabalho de parto, apesar de ter que fazer cesárea por motivos de saúde, tudo aconteceu muito rápido. Coloquei a roupa, tomei a anestesia, deite-me, ouvi a conversa dos médicos sobre sua viagem nos EUA, Gustavo perguntando quantos partos o Dr. tinha realizado, Arthur entalou debaixo das minhas costelas, pegaram uma "colher" e plop: escutei um choro! Logo estava no quarto vendo-o tomar banho. Não tive reação nenhuma a nada. Porém o pós-parto foi muito doloroso.

Já da Ciça, foi marcado. Mal dormi noite passada, ansiosa, nervosa. Lembro-me de olhar o relógio do celular pela última vez às 2 da madrugada. Acordei às 6h. Tudo se arrastava, demorava demais a acontecer. Gustavo não pode ficar na sala comigo, ordens do hospital. Me senti mais desamparada ainda. Mas já sabia tudo o que aconteceria. Não conseguia relaxar por causa da anestesia, sabendo da dor. Esperaram uns 10 min até que eu me acalmasse e relaxasse. Uma enfermeira, Ana Paula, ficou abraçada, me apoiando e me acalmando até a agulhada. Depois, senti falta de ar e enjôo, vomitei. Uma benção! Depois senti coceira. Entretanto, tudo parou de ser importante quando ouvi aquele chorinho. A recuperação foi beeem mais tranquila! 3 dias depois eu já tomava banho sozinha, mas tive a "bela" enxaqueca pós-raqui! Aquilo não é de Deus. 

Mas...o que mais me lembro quando tive Arthur, foi da amamentação!

Eu me lembro de me imaginar amamentando... olhando docemente para meu bebê, sugando meu peito com doçura, dando-me sua mãozinha, e eu a beijando. Numa linda parceria, num lindo momento mãe e filho. 

Só que não!!! Foi o meu pior pesadelo!

Sabe porque existem tantas campanhas para amamentar? Porque é uma bosta! Não o ato...sim o aprendizado! 

O famoso Dr. Drauzio Varela em seu site, diz que amamentar não dói se a criança pegar direito. Ok, Doc!!! Coloque o seu peitinho na boquinha duma criança, veja se não vai dar uma fisgada que você sentirá seu pâncreas arder!

Só não contaram ao "Doc" que nem toda mulher te bico formado. Nem toda mulher o mamilo fica escuro. Amamente, Varela....depois conversamos!

E algumas são mães de menina!!! Meninos são LOUCOS de fome. Desesperados! Como se aquela mamada fosse a última da sua existência! Só quem tem homens sabe como é! Meninas são mais educadas, delicadinhas...! E mamam menos!

Minha mãe me avisava: -Filha, prepara a mama! Você é clarinha como eu! Eu sofri muito com seu irmão!



Tomei sol, ficava de top-less igual uma Pin-up na área de serviço do apto. Passei cremes para preparar a mama, esfreguei com bucha, fiz massagem...a p*rra toda! 

Arthur levantava a línguinha, e demorava a pegar o bico. Sim...eu não tinha bico formado! Meu mamilo é semi-invertido! 

Eram 4 pessoas para me ajudar a amamentar:

1ª pessoa: Eu! Função: Alinhava o "canhão". Espremia o mamilo.
2ª pessoa: Minha mãe - Função: Tirava a língua do céu da boca do baby e colocava no seu devido local.
3ª pessoa: Gustavo - Função: Rotacionava a criança em direção ao meu peito.
4ª pessoa: Minha sogra Leci - Função: Ficava olhando para ver se o baby havia pegado direito.

A missão era concluída após o grito de "Pegou!". E se ouvia: Aaah que bom, ele pegou direitinho! E depois, ouvia-se eu...a mãe....chorando: - Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiii que dooooor!

Duas horas depois a manobra se repetia. Arthur chorava de fome de um lado e eu de dor do outro.
Eu dizia: - Não é possível que este garoto esteja com fome de novo! Não pode caber tanta coisa em alguém tão pequeno!!!

Minha mãe ao me ver, quase chorava e dizia: - Ai, filha....eu sei como é! 
E eu: - Mãe....vc não me avisou que doía taaaanto! 
E ela: - Eu avisei, mas só sentindo para saber!

Tinha dias eu dizia ao Gustavo: - Pelo amor de Deus...desce lá na farmácia e me traz uma lata de Nam. Não aguento mais de dor!

Mas eu aguentei... meu peito não rachou, não sangrou e não saiu pus. Graças a uma pomada maravilhosa (e cara) chamada LANSINOH! Foi a única coisa que funcionou comigo.
Minha heroína!


10 dias....foram DEEEZ dias de dor. Depois ele aprendeu pegar o bico direitinho, o bico foi se adaptando também. 

Depois desses 10 dias que eu fui "curtir" a amamentação. Tive aquele tão esperado momento de cumplicidade e ternura que as campanhas mostram. Mas até chegar ali, foi muita dor envolvida. Eu não censuro as mães que não conseguiram amamentar, pois é muito difícil. 

Ouço que várias mulheres não sentiram dor alguma. Que benção! Assim como vejo mulheres que tiverem parto natural e sentiram pouquíssima dor. Outras pediram para morrer!

Cada bebê, cada mãe, cada gestação é duma maneira. Não podemos generalizar tudo. Nem tudo está nos livros, não há um "Manual da gestante". 

Com a Ciça, já foi beeem mais tranquilo. Ela mamava bem menos, não sugava meu peito como se quisesse sugar minh'alma como o irmão fazia. Até para segurar ela era delicada. Arthur segurava meu peito como se fosse uma mamadeira.

Confesso que eu tinha mais medo da amamentação do que passar pelo parto!

Não sei se já contei isso no blog, mas conto de novo. Uma vez em Em Brasília em uma área de amamentação, fui alimentar Arthur. Sentei-me e ele mamou. Chegou uma moça, com uma bebê um pouco menor que ele. Ele tinha uns 8 meses, a nenê deveria ter uns 6. A linda nenêzinha quase cochilando, pegava a mama da mãe delicadamente, mamava num ritmo devagar e bem tranquilo. Era a cena mais fofa de se ver. Aquela boquinha sugando tão docemente.

A mãe da garotinha começou a ouvir o "som" que meu filho fazia ao sugar meu peito. Parecia ser um som de uma bomba-sapo. Ela começou a procurar de onde vinha "aquele"som,olhou pela sala, olhou lá fora no fraldário. E eu, querendo rir. Até que ela se deu conta que o som vinha da gente! Ela arregalou os olhos, olhava boquiaberta para mim, e para ele. E eu, sem graça só consegui dizer meio a um sorriso amarelo: - Hehehe....meninos! - E ela: - Meu Deus, isso é ele sugando? E eu que achava que a minha puxava com força! - Ri litros depois disso!

Amamentei Arthur por 10 meses. Depois comecei a ficar muito doente, anêmica, pois ele mamava de 2 em 2 horas toda a noite. Eu não dormia! Eu não podia me dar ao luxo de ficar sempre prostrada. Gustavo trabalhando, por vezes fora 3 dias, 1 semana... Só tinha eu para tomar conta do baby!

Além do que, ele me mordia. Tinha 8 (sim, OITO) dentes! Fazia estrago mesmo! E o cara-de-pau comia de tudo! Até coxinha de frango! Só precisou de 2 dias para desmamá-lo! Apesar de brigar um pouco, pegou o copinho de leite. Que toma até hoje! Nunca pegou mamadeira.

Ciça foi largando o mamá aos poucos. Foi com 1 ano e 2 meses. Assim que mostramos a ela que o copo era igual ao do mano, nem pediu mais o peito. Foi tão fácil que nem acredito ás vezes!

Pois é, mulherada que vai passar por isso: persistam! Se não conseguirem, não se sintam mal! Isso não te faz menos mãe ou uma mãe relapsa!

Bem....é isso por hoje! Sinto que animei as futuras mamães com esse post! Rs...

Mas pensem nisso: cólica, dor de dente, enxaqueca...nada disso serve para nada. Todas as dores, desconfortos e mal-estar que você passar na gestação e/ou após é para um bem maior! Serve para alguma coisa! Criar um ser humano dói! Mas é a coisa mais recompensadora do mundo!

Bom fim-de-semana!







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