sexta-feira, 31 de maio de 2013

Mãe chinesa


Esses dias li um livro muito interessante e intrigante ao mesmo tempo, chama-se “O grito de guerra da mãe tigre”. É a história de uma mulher chinesa casada com um judeu e com 2 filhas. A bichinha é rígida demais! Não pensem rígida como nos ocidentais pensamos ser. Rígida MESMO! As filhas estudavam horas (digo 3 a 6 horas) de instrumento musical, se tirassem um A- (o nosso 90) na prova, era motivo de vergonha, sempre tinham que ganhar medalhas de ouro em tudo...enfim, rígida mesmo!

P/ muitos esse tipo de educação parece uma atrocidade! Pobre da criança, não tem infância, mal brinca, mal se diverte e etc. Mas, p/ eles, chineses, tudo faz muito sentido. Vamos combinar que não é a toa que a China está há anos luz em educação na nossa frente. E o “segredo” é essa herança cultural de estudo rigoroso. Um chinês lê por mês 16 livros! Eu mal leio um!
As crianças são desprovidas de direitos, elas não fazem o que querem!
Já adianto que não é um tipo de educação que apoio. Afinal, a criança tem que ser criança! Tem que brincar, curtir e etc. Claro que dar a ela pequenos atos de responsabilidade como: arrumar o quarto, arrumar a cama, guardar os brinquedos e etc, já o preparam p/ o futuro. Pois, quem é fiel no pouco é fiel no muito.
Com o passar da idade, damos mais responsabilidade: lavar a louça do almoço, jogar o lixo fora, passar as próprias roupas e etc.
Desde pequenos aprendemos a ajudar minha mãe. Nem sempre tivemos empregada ou faxineira. Já novinhos sabíamos pegar a vassoura, o rodo e arregaçar as mangas. E nenhum de nós ficou traumatizado, ou perdeu a infância por causa disso. Brincamos muito, curtimos muito, mas também temos deveres a ser cumpridos.

No caso dessa mãe, como eu citei, as meninas não tinha direito a nada. Em compensação, será que são menos felizes? Será que a felicidade consiste em fazer o que nós gostamos/queremos?
Creio que não! No caso deles, a felicidade consta em superar obstáculos cada vez maiores e encher de orgulhos os pais. O conceito de felicidade é muito subjetivo. Como eu já disse, não aprovo um tipo de educação tão rígida como essa. Deus nos deu o livre arbítrio. Elas não o tinham, e essa é a coisa mais sagrada que Ele nos concedeu. Entretanto, é importante tentar visualizar sob a óptica dessa mãe. Toda história tem dois lados.

Obviamente que você não vai deixar a criança fazer o que ela bem entender. Mas ela deveria escolher quais instrumentos musicais quer aprender (no caso delas, a mãe escolhera). Ou se vai fazer tal curso e por aí vai.

Amy expõe que via um grande espanto por parte das outras mães que conhecia. Achavam-na uma “vilã”. O que em algumas partes, também a condeno veementemente. Mas volto a pergunto inicial: hoje, ela vendo suas filhas bem sucedidas, será que ela também não tem motivos p/ se orgulhar? E sim, ela tem motivos p/ se arrepender também. Ela cita isso no seu livro diversas vezes. Apesar de rígida, ela tem um coração!

Quantas vezes reclamamos daquele fardo pesado, a faculdade que nunca termina, aquele chefe mala que não larga do teu pé, aquela corrida de 20Km que você se comprometeu a terminar, mas os dias de treinamento são cada vez piores, aquela prova maldita em que você se matou por meses estudando...e no fim (algumas vezes sim, outras, infelizmente não) você vence! Se forma com louvor, faz “aquele” projeto e o chefe o elogia, termina a corrida, tira uma nota boa na prova... aí olha p/ trás e vê que tudo valeu a pena. Valeu cada suor, cada noite perdida, cada etapa vencida.

No caso dos orientais, a felicidade está nisso. Vencer obstáculos cada vez maiores e maiores. Nem que seja preciso perder noites, dias, saídas com os amigos, divertimento e etc. P/ eles o divertido é o processo! Já p/ nós, gostamos de bater a mão no peito e dizer: Ta vendo tal coisa? Abri mão disso, daquilo e daquela outra coisa.
P/ eles é normal, corriqueiro! Ninguém bate no peito e se orgulha, afinal, todos lá fazem o mesmo! (Pequeno parêntesis: o índice de suicídio deles é imenso e os métodos deles não são nada humanos. Mas, não estou elogiando o processo inteiro, só algumas ressalvas que acho importante sabermos e praticarmos.)
 
Eu jamais conseguiria seguir, ou mesmo compreender esse modelo de criação. Afinal, é uma questão puramente cultural! Dá p/ dar umas idéias, p/ dar uma incentivada a ser disciplinada, mas não dá p/ copiar. Nossa cultura não vê bem esse tipo de educação.
Nós mães aqui, somos muito coração, menos mente!
Pelo menos eu sou!

Todavia, Amy foi criada dessa maneira. Como diz Elis Regina: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.” – Com exceções, lógico! Mas quantas vezes não nos pegamos em determinadas atitudes e/ou reações e quando nos damos contas, pensamos: - Meu Deus, eu fiz igualzinho ao meu pai! – É ou não é? É verdade que tentamos não repetir os erros que eles cometeram. Tentamos acertar os feitos felizes deles. Mas pode ter certeza, que em muitos aspectos, vamos imitá-los sem nos darmos conta!

Os pais pensam que se colocarem limites nos filhos vão afastá-los. Muito pelo contrário! Na hora eles vão brigar, chiar, se rebelar, dançar a macarena em cima da mesa. Mas no fundo eles sabem o que é bom. Sempre sabem!!! Sabem sim!
Quantas vezes meus pais disseram: - Hoje você me acha chato, mas amanhã você vai me agradecer! – E eu agradeço! Agradeço de joelhos! Pois eles estavam certos!

Vou citar um exemplo: essa semana Arthur bagunçou todo o quarto e quando lhe pedi p/ arrumar, ele se fez de surdo. Pedi uma vez, 2...na terceira coloquei-o no “cantinho de pensar” (sim, aquele da Supernanny). Ele chora muito! Faz um drama digno de prêmio de novela mexicana! Me chama soluçando: - Mamããããe....mamããããe!!! – Até inventa machucados! – Dodói, mamãe, machucou o dedo! – No final ele estava todo vermelho de tanto chorar, pediu desculpas e me abraçou...e fomos guardar os brinquedos!

Gente, me dói na alma! Eu sangro por dentro! Mas ele precisa me respeitar! Se ele não me respeitar, não vai respeitar ninguém: professor, chefe, esposa, filhos. E eu não quero um filho assim! Quero me orgulhar dele e p/ isso, eu vou fazê-lo sofrer...p/ o próprio bem dele.

Crianças precisam saber quem está no controle. E não podem ser eles donos de tudo! E sim os pais.
Nosso coração sente demais ao ter que brigar, proibir programas, deixar sem sobremesa, ao vê-los chorar, ou ficar sem falar conosco. Mas é preciso.

Eu tinha amigos que inventavam que os pais davam hora p/ chegarem em casa. Pois na verdade, os pais deles, nem sonhavam onde eles estavam e nem queriam saber. Não estavam nem aí. Descaso total! E nós achávamos “chato” ter que voltar 22:30!
Pior do que ter pais e mães severos, e ter pais que não se importam!

Enfim, é isso aí! Temos de ter um pouco de pais e mães chinesas dentro da gente. Só um pouco, tá gente? Nada de deixar menino ajoelhado no milho, ou fazê-lo pagar 100 flexões só porque não tirou a mesa após o jantar! Tudo com medida. Uma falha pequena, um advertência, uma punição leve. Falhas de caráter, erros grandes, consquencias grandes, punição de acordo.

Só sei que é difícil demais...ô meu Pai. Me orienta aí porque é fogo! Rs...!

Boa semana a todos!
Beijos!

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