Fantasia: bom ou ruim?

Esses dias vi no facebook uma tirinha sobre os “Conselhos das Princesas Disney”. A Aurora e Branca de Neve dizendo para esperar seu príncipe chegar. A Pequena Sereia dizendo que não teria problemas em deixar a família, fazer um pacto com uma bruxa para ir atrás do seu grande amor. A Bela dizendo que a beleza interior é a que importa se não for você a(o) feia(o). Enfim, existe uma “linha” atual digamos assim, que condena que crianças, principalmente meninas, se espelhem em princesas. Não consegui encontrar a figura, acho que inclusive tiraram-na do ar.

Aqui vai meu ponto de vista. Eu colocava uma saia rodada e saia com uma cesta para “catar flores” (como a Aurora) pelos pastos da Vila Militar no Rio. Colocava laçarotes na cabeça como a Branca de Neve. Minha irmã e eu pegávamos um robe da minha mãe e amarrávamos na cintura e saímos nos arrastando pela casa, como se tivéssemos barbatanas. Meu irmão era o Peter Pan, eu a Wendy e minha irmã a Sininho! E nenhuma de nós ficou na varanda de casa esperando um príncipe aparecer e resolver nossos problemas. Ou ele colocou uma fantasia brega e saiu defendendo o crime pelas ruas do Brasi.

Muitas dessas pessoas que se põe contra seus filhos assistirem a esses filmes, cantarolavam as músicas, se vestiam de princesas e brigavam com a irmã/prima/amiga para “ser” a tal personagem. E hoje sãopessoas bem resolvidas, fortes e inteligentes.

Pessoas, please! Vamos separar as coisas! A criança tem o direito de ter essa parte toda da fantasia! É tão bom, quando éramos crianças, pensar que podíamos voar, pedir algo a uma estrela, crer em Papai Noel, Coelho da Páscoa, Fada do dente e etc. Existem pais que negam essa fantasia pois dizem que isso é enganar a criança! É mentir! E contam logo que não existe nada disso. Eu acreditei em todas essas coisas e não me senti traída de forma alguma pelos meus pais. Uma pessoa que pensa assim precisa urgente de um terapeuta. E não pode mentir sobre Papai Noel, mas largar a criança o dia todo com babá, creche, e outros mil afazeres para poder trabalhar em paz, ter mais dinheiro e dizer a criança que está fazendo tudo isso “por ela” e não dar um mínimo de atenção, carinho, momentos de lazer, por não ter “tempo”...isso pode, não é?!

Mentir para a criança para mim é dizer que ela tem que comer se não o homem do saco vai pegá-la, ou que se ela não dormir, o monstro vai puxar seu pé de noite e etc. Esse terrorismo que alguns pais pensam que é educar! Meus pais sempre colocaram em meus irmãos e eu medo de coisas reais. Quando nós íamos para a casa da minha avó, ela com medo de nos escorarmos na janela, dizia que um papagaio iria nos pegar. Achávamos o máximo! E queríamos ver o tal do papagaio! Olha que alegria...fazia o efeito contrário! Meus pais diziam: - Se você se aproximar dessa janela, você pode cair lá embaixo, quebrar uma perna, um braço. Aí não vai mais pode brincar! E pode morrer! E nunca mais nos ver!

Não temos traumas. A morte existe sim e precisamos alertar as crianças desse perigo. Nunca nos criaram com medo de fantasmas, assombrações e etc. Nunca tivemos medos dessas frescuras. Depois crescem uns marmanjos e umas marmanjas de 30 anos que não ficam sozinhos em casa com medo de assombração. Por favor, né?

A fantasia exposta de forma benéfica não faz mal. Minha mãe dizia que perguntávamos, se o que existia nos desenhos, era real. Entenda que uma criança que faz esse tipo de pergunta, já tem uma maturidade maior. Então, ela dizia que era um desenho, feito por computador! Mas que não havia problema nenhum em crer, se eu quisesse.

Quanto as princesas, há todo um histórico. Veja bem, a mulher era tratada como um ser frágil, digno de proteção e submissa. As histórias REAIS de Cinderela, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, não possuem nada de belo! Então a Disney já fez um GRANDE favor em não nos traumatizar com as histórias originais. (Veja no link aqui: http://www.lendo.org/7-horrendos-contos-de-fadas-que-lhe-contam-desde-crianca/ )

Branca de Neve foi feito na década de 20, Cinderela e Bela Adormecida – década de 50. Gente, qual era a posição da mulher na época? Esposa e mãe. E ponto final! O auge da vida da mulher, o que a realizava, o que era status, era se casar. Quem não se casasse, ficava para titia! Era vergonhoso!

Algumas princesas, como a Pequena Sereia, já são diferentes. São da década de 80. Ela enfrenta o pai e vai atrás do grande amor. Sem saber se será correspondida! Deixa o mar, a família e tudo mais. Quantas de nós também não deixamos a cidade que amamos, a família, ou como diria Cazuza : E por você eu largo tudo: carreira, dinheiro, canudo! –

Depois vêm outras, como a Bela, de a Bela e a Fera é um tabu em sua cidade! Por ser culta e inteligente! Vê beleza onde quase ninguém vê! – A verdade é que esse “povo” dessa “linha”, é meio revoltadinho! Deve ser uma mistura de dor de cotovelo por ter levado um pé na bunda, com falta de realização profissional.  Ou Mulan! A Mais “girl power” das princesas! Se tornou o soldado mais exemplar e salvou o país todo! Jasmine, a frente da sua época casou-se com um plebeu! Outra princesa que adooooro: Tiana! Trabalhadora, guerreira! Trabalhando em 2 empregos para realizar o sonho! E no fim, ela se casa também! A Bela, de a Bela e a Fera é um tabu em sua cidade! Por ser culta e inteligente! Vê beleza onde quase ninguém vê! – A verdade é que esse “povo” dessa “linha”, é meio revoltadinho! Deve ser uma mistura de dor de cotovelo por ter levado um pé na bunda, com falta de realização profissional.

Claro que a criança tem que assistir e curtir o que ela quer! Se ela gosta de princesas, deixe-a ser uma princesa, vestir-se como uma! Se ela quer ser uma cozinheira, bailarina, fada, médica, soldado, pirata, deixe-a  ser também! CONTANTO QUE: seja para o bem! Heróis e heroínas que lutam contra o mal!  (E melhor se vestir como criança agora, do que pagar um king-kong aos 40 ou 50 com festinhas “temáticas”/traumáticas que envergonham os familiares, por não ter tido infância!)

E “peralá”! Na nossa geração já existiam: Mulher-gato, Bat-girl, Mulher Maravilha, She-Ra (adoooro!) e etc. Também fomos fã de grandes heroínas que combatiam o mal e o crime em roupas superestilosas com botas até o joelho! Rs...!

O importante e deixá-la curtir essa fase tão mágica. Depois, chega  adolescência cheia de problemas: pêlos, amores não correspondidos, amizades complicadas, hormônios, TPM, menstruação, aquela revolta de não saber quem você é e que deixa todos os pais MALUCOS, pedindo a Deus que volte a época da casa desarrumada com brinquedos, biscoitos por todo o vestido de Cinderela e a fantasia de Peter Pan.

Depois, chega a fase a adulta: trabalhar, estudar, prover seus próprio sustento, pagar contas, responsabilidades e mais responsabilidades. Enfim...deixem que sejam crianças quando eles precisam ser.

Boa semana a todos!