Estou acompanhando a novela “Salve
Jorge”, o que é uma surpresa até p/ eu mesma, afinal, não assisto novela. A última
que tentei mais ou menos acompanhar era "O Cravo e a Rosa." Beeeeem novinha, não?
Rs...! Mas como muitos já sabem, o motivo é um só: exército.
Fiquei bem curiosa p/ ver a
imagem que eles passariam dessa instituição com qual convivo desde que nasci. Vi
a reportagem dos atores que fizeram um “estágio” na AMAN (Academia Militar das
Agulhas Negras) p/ compreender a profissão, seu dia-a-dia e até mesmo “vocabulário”.
(Adorei quando o Cap. falou “tocar o zaralho”!!!)
Essa valorização do exército
pela globo vem em agradecimento pela pacificação das favelas no Rio, uma ação
conjunta com a polícia do RJ.
P/ eles, nossos soldados viraram
heróis. E de fato os são!
A novela segue fielmente muitas
coisas: a farda está bem direitinha (antigamente nas novelas anteriores, era
uma salada de “broches”, eles misturavam tudo!) o postos, comportamento,
rotina e etc. Inclusive está sendo gravada dentro dum quartel mesmo (não sei
qual é não)!
Claro que o capitão Theo usa o
cabelo um pouco grande, medalhinha de São Jorge p/ fora da farda. Se fosse num
quartel normal, já tinha sido punido! Rs...! Erros que só quem convive saca! Mas
é perdoado! Tudo em nome da arte!
O que eu quero ver é se vão
mostrar algumas realidades pelas quais passamos. Por exemplo, o Cap. Théo mora
com a mãe. Ele vai se casar com a Morena, será que ele vai conseguir a moradia
(PNR: Próprio Nacional Residencial)? Afinal, no Rio falta! Muitos têm que
entrar na fila e esperar 1 ano, até 2 anos p/ conseguir. E têm que pagar o
aluguel do próprio bolso e não é ressarcido. Será que a casa/apto vai estar em boas
condições?
Porque vou te contar, moramos em
uma que quando chovia a água entrava dentro da casa, pois esta ficava abaixo do
nível da calçada. Tínhamos um parque aquático caseiro! Rs...! (Já contei essa
em outro post!)
Creio que eles deviam abordar as
transferências que estamos sempre sujeitos. Que muitas vezes escolhemos as opções
mas somos enviados p/ 4ª ou 5ª opção da lista. Que os cursos previstos nos movimentam,
pois são de praxe, mas não quer dizer que torne as coisas mais fáceis.
E as mudanças? Só de ouvir o
barulho daquela fita eu já tremo inteirinha!
Quantas coisas ás vezes vêm
quebradas, alguns móveis já meio empenados e tortos de tanto montar e
desmontar.
Ás vezes saímos duma baita casa
p/ um “apertamento”. Aí nos desfazemos de algumas coisas. Depois, vamos p/ um
baita apê, aí falta coisa p/ preencher. Ixi...é história que não acaba mais!
P/ as mulheres, muitas não
trabalham não por opção, mas por que muitos locais não aceitam esposas de
militares pois sabem que vão se mudar daqui há 2 anos. E pior que nem sempre acontece
isso, pois moro em Minas há quase 5 anos! Algumas empresas, escolas, instituições
nem TENTAM, nem nos dão uma chance.
E ainda somos chamadas de “dondocas”!
Pois ficamos em casa sem fazer “nada”. Só a dona-de-casa sabe que esse “nada”
dentro de casa NUNCA acaba!!! Rs...
Muitas mulheres finalmente
conseguem um emprego, estão felizes, estabilizadas quando de repente, surge uma
transferência. O que fazer? Ir, oras! O dever chama! Ces´t la vie!
Os filhos sentem muito essa
mudança, principalmente na adolescência. Se distanciam de amigos,
namorados(as), da escola que adoravam, do clube que amavam frequentar, tudo em
função da profissão do pai.
Fora a mudança de escola, pois
existe diferença de currículo, cobrança de uma instituição escolar p/ outra. Tem
matérias que nunca aprendi, pois era dada em uma determinada série e que fui
embora antes de cursar a próxima. Ossos do ofício.
Quantas vezes as universidades "empatam" a transferência, ou fazem os dependentes voltarem desde o 1º período. Quantos de nós sofremos com isso!!! Quanto tempo perdemos!
Quero ver se a novela vai retratar
a desvalorização no quesito “financeiro”. Pois vamos combinar, eles ganham mal
p/ o tanto que trabalham. Tem muita gente achando que militar ganha beeeeem
demais.
Claro que comparado a pessoa que
ganham 1 salário mínimo por mês, ganhamos “bem”. Mas quantas profissões
arriscam a saúde e a vida como a dos militares?
Quantos de nossos amigos faleceram
em exercícios, missões como no Haiti?
E quem “repõe” esse prejuízo às
famílias? Ninguém!
Em Blumenau, uma colega da faculdade
me surpreendeu no ônibus perguntando-me:
Ela: -Nossa, você vindo de ônibus hoje?
Eu: - Hoje e sempre! Sempre pego ônibus.
Ela: - Ué, mas você não vem com o motorista do seu pai?
Eu: - Você já me viu chegando aqui de motorista?
Ela: - Não, mas eu achava que você vinha de motorista e
tudo! Afinal, seu pai não tem dinheiro?
Eu: - Não é bem assim não. Se não eu não andaria de busão!
Ela: - Mas vocês não ganham de “graça” a casa, o carro? Vocês
nem pagam contas!
Eu: - Como assim? Meu pai paga tudo: conta de gás, luz,
telefone, compras de mês, impostos, gasolina, aluguel da casal, tudo! Como
todos os meros mortais pagam!
Ela: - Ué, então qual é a vantagem de ser militar?
Confesso que fiquei pensando até
que respondi: - Paixão a profissão. Só
isso!
Creio que muita gente acha isso! Que
“mamamos nas tetas” do governo assim como aqueles vermes lá do congresso.
Quantas vezes o marido e pai
precisa se ausentar em missões, campos, viagens, exercícios fazendo falta em
casa! Hoje mesmo Gustavo está em
um. Arthur não o viu o dia todo, chamou-o o tempo todo.
Uma profissão que exige o vigor
físico, e muitos se “arrebentam” com isso. Chegam na reserva, aposentados aos cacos! Cheios de problemas nos joelhos, braços, coluna e etc. Pois foi preciso exigir do corpo!!! Só que a reserva chega e o corpo continua querendo trabalhar!
Mas além da parte “chata” da
profissão, quero ver se vão apresentar a parte boa!
Muitos dizem não existir a “família
militar”. Tenho pena de quem não pode chamar assim, mas eu posso! Tenho amigos
dos meus pais que são como tios p/ mim, mais próximos de convivência que muitos
familiares meus.
Vizinhas que já me ampararam
quando doente, cuidaram de mim e de Arthur.
Já tive até amiga da minha mãe
que catou piolho da minha cabeça!!! Rs...!
Amigos que ofereceram sua casa,
comida, onde dormir, e conforto do corpo e do coração em uma época em que minha
mãe estava muito doente. Morávamos em Campo Grande-MS e
ela estava se tratando em
Brasília-DF. Esses irmãos
fizeram por nós o que muitos jamais fariam pelo próprio familiar.
Amigos que se alegraram com as
conquistas da nossa família, diferente de muitos que só sabem ser “amigos”na
desgraça.
Essa mesma vizinha que catava
piolho da minha cabeça, ajudava meu pai a “subir” com minha mãe 3 lances de
escada, pois ela havia operado e não podia subir escadas. Ela e meu pai faziam “cadeirinha”
e minha mãe sentava sobre eles p/ subir!!! (Tia Nelcy, amo você!)
Graças a Deus, tenho amigos em
todo canto do Brasil. Onde eu apontar no mapa, tem uma casa p/ pousar, comida
boa p/ comer e abraços me esperando.
Mas sempre é difícil deixar a
cidade que aprendeu a amar e partir p/ o desconhecido. Sempre!
Mas, vale a pena!
Então, Globo, estou acompanhando!
Virei “noveleira”! Rs...! Glória Perez, está de parabéns! Você está deixando
nossos milicos todos “cheios”! E eles merecem MESMO!!!
Salve Jorge!
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