quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Salve Jorge


Estou acompanhando a novela “Salve Jorge”, o que é uma surpresa até p/ eu mesma, afinal, não assisto novela. A última que tentei mais ou menos acompanhar era "O Cravo e a Rosa." Beeeeem novinha, não? Rs...! Mas como muitos já sabem, o motivo é um só: exército.

Fiquei bem curiosa p/ ver a imagem que eles passariam dessa instituição com qual convivo desde que nasci. Vi a reportagem dos atores que fizeram um “estágio” na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) p/ compreender a profissão, seu dia-a-dia e até mesmo “vocabulário”. (Adorei quando o Cap. falou “tocar o zaralho”!!!)

Essa valorização do exército pela globo vem em agradecimento pela pacificação das favelas no Rio, uma ação conjunta com a polícia do RJ.
P/ eles, nossos soldados viraram heróis. E de fato os são!

A novela segue fielmente muitas coisas: a farda está bem direitinha (antigamente nas novelas anteriores, era uma salada de “broches”, eles misturavam tudo!) o postos, comportamento, rotina e etc. Inclusive está sendo gravada dentro dum quartel mesmo (não sei qual é não)!

Claro que o capitão Theo usa o cabelo um pouco grande, medalhinha de São Jorge p/ fora da farda. Se fosse num quartel normal, já tinha sido punido! Rs...! Erros que só quem convive saca! Mas é perdoado! Tudo em nome da arte!

O que eu quero ver é se vão mostrar algumas realidades pelas quais passamos. Por exemplo, o Cap. Théo mora com a mãe. Ele vai se casar com a Morena, será que ele vai conseguir a moradia (PNR: Próprio Nacional Residencial)? Afinal, no Rio falta! Muitos têm que entrar na fila e esperar 1 ano, até 2 anos p/ conseguir. E têm que pagar o aluguel do próprio bolso e não é ressarcido. Será que a casa/apto vai estar em boas condições?
Porque vou te contar, moramos em uma que quando chovia a água entrava dentro da casa, pois esta ficava abaixo do nível da calçada. Tínhamos um parque aquático caseiro! Rs...! (Já contei essa em outro post!)

Creio que eles deviam abordar as transferências que estamos sempre sujeitos. Que muitas vezes escolhemos as opções mas somos enviados p/ 4ª ou 5ª opção da lista. Que os cursos previstos nos movimentam, pois são de praxe, mas não quer dizer que torne as coisas mais fáceis.


E as mudanças? Só de ouvir o barulho daquela fita eu já tremo inteirinha!
Quantas coisas ás vezes vêm quebradas, alguns móveis já meio empenados e tortos de tanto montar e desmontar.

Ás vezes saímos duma baita casa p/ um “apertamento”. Aí nos desfazemos de algumas coisas. Depois, vamos p/ um baita apê, aí falta coisa p/ preencher. Ixi...é história que não acaba mais!

P/ as mulheres, muitas não trabalham não por opção, mas por que muitos locais não aceitam esposas de militares pois sabem que vão se mudar daqui há 2 anos. E pior que nem sempre acontece isso, pois moro em Minas há quase 5 anos! Algumas empresas, escolas, instituições nem TENTAM, nem nos dão uma chance.
E ainda somos chamadas de “dondocas”! Pois ficamos em casa sem fazer “nada”. Só a dona-de-casa sabe que esse “nada” dentro de casa NUNCA acaba!!! Rs...

Muitas mulheres finalmente conseguem um emprego, estão felizes, estabilizadas quando de repente, surge uma transferência. O que fazer? Ir, oras! O dever chama! Ces´t la vie!

Os filhos sentem muito essa mudança, principalmente na adolescência. Se distanciam de amigos, namorados(as), da escola que adoravam, do clube que amavam frequentar, tudo em função da profissão do pai.

Fora a mudança de escola, pois existe diferença de currículo, cobrança de uma instituição escolar p/ outra. Tem matérias que nunca aprendi, pois era dada em uma determinada série e que fui embora antes de cursar a próxima. Ossos do ofício.

Quantas vezes as universidades "empatam" a transferência, ou fazem os dependentes voltarem desde o 1º período. Quantos de nós sofremos com isso!!! Quanto tempo perdemos!

Quero ver se a novela vai retratar a desvalorização no quesito “financeiro”. Pois vamos combinar, eles ganham mal p/ o tanto que trabalham. Tem muita gente achando que militar ganha beeeeem demais.
Claro que comparado a pessoa que ganham 1 salário mínimo por mês, ganhamos “bem”. Mas quantas profissões arriscam a saúde e a vida como a dos militares?
Quantos de nossos amigos faleceram em exercícios, missões como no Haiti?
E quem “repõe” esse prejuízo às famílias? Ninguém!

Em Blumenau, uma colega da faculdade me surpreendeu no ônibus perguntando-me:

Ela: -Nossa, você vindo de ônibus hoje?
Eu: - Hoje e sempre! Sempre pego ônibus.
Ela: - Ué, mas você não vem com o motorista do seu pai?
Eu: - Você já me viu chegando aqui de motorista?
Ela: - Não, mas eu achava que você vinha de motorista e tudo! Afinal, seu pai não tem dinheiro?
Eu: - Não é bem assim não. Se não eu não andaria de busão!
Ela: - Mas vocês não ganham de “graça” a casa, o carro? Vocês nem pagam contas!
Eu: - Como assim? Meu pai paga tudo: conta de gás, luz, telefone, compras de mês, impostos, gasolina, aluguel da casal, tudo! Como todos os meros mortais pagam!
Ela: - Ué, então qual é a vantagem de ser militar?
Confesso que fiquei pensando até que respondi: - Paixão a profissão. Só isso!

Creio que muita gente acha isso! Que “mamamos nas tetas” do governo assim como aqueles vermes lá do congresso.

Quantas vezes o marido e pai precisa se ausentar em missões, campos, viagens, exercícios fazendo falta em casa! Hoje mesmo Gustavo está em um. Arthur não o viu o dia todo, chamou-o o tempo todo.
Uma profissão que exige o vigor físico, e muitos se “arrebentam” com isso. Chegam na reserva, aposentados aos cacos! Cheios de problemas nos joelhos, braços, coluna e etc. Pois foi preciso exigir do corpo!!! Só que a reserva chega e o corpo continua querendo trabalhar!

Mas além da parte “chata” da profissão, quero ver se vão apresentar a parte boa!

Muitos dizem não existir a “família militar”. Tenho pena de quem não pode chamar assim, mas eu posso! Tenho amigos dos meus pais que são como tios p/ mim, mais próximos de convivência que muitos familiares meus.
Vizinhas que já me ampararam quando doente, cuidaram de mim e de Arthur.
Já tive até amiga da minha mãe que catou piolho da minha cabeça!!! Rs...!

Amigos que ofereceram sua casa, comida, onde dormir, e conforto do corpo e do coração em uma época em que minha mãe estava muito doente. Morávamos em Campo Grande-MS e ela estava se tratando em Brasília-DF. Esses irmãos fizeram por nós o que muitos jamais fariam pelo próprio familiar.

Amigos que se alegraram com as conquistas da nossa família, diferente de muitos que só sabem ser “amigos”na desgraça.

Essa mesma vizinha que catava piolho da minha cabeça, ajudava meu pai a “subir” com minha mãe 3 lances de escada, pois ela havia operado e não podia subir escadas. Ela e meu pai faziam “cadeirinha” e minha mãe sentava sobre eles p/ subir!!! (Tia Nelcy, amo você!)

Graças a Deus, tenho amigos em todo canto do Brasil. Onde eu apontar no mapa, tem uma casa p/ pousar, comida boa p/ comer e abraços me esperando.
Mas sempre é difícil deixar a cidade que aprendeu a amar e partir p/ o desconhecido. Sempre!
Mas, vale a pena!


Então, Globo, estou acompanhando! Virei “noveleira”! Rs...! Glória Perez, está de parabéns! Você está deixando nossos milicos todos “cheios”! E eles merecem MESMO!!!

Salve Jorge!
 Beijos, boa noite e bom fim-de-semana!

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