segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tchau casa!

Hoje eu estava dando banho no meu filho quando me ocorreu o seguinte pensamento: - Aqui não é mais a minha casa!
Há muito tempo eu não sinto isso. Afinal, 5 anos!
Até pela própria situação de viajar p/ lá e p/ cá: Rio, Guarujá, casa da mãe, casa da sogra e etc. me fez chegar a esta conclusão.
Meu quarto de hóspedes parece mais um depósito c/ pilhas de caixas de mudança.

Parte da mobília desse mesmo cômodo tivemos de nos desfazer, pois no próximo apê ela não caberá. Nossos amigos e vizinhos compraram esses móveis e assim nos desfizemos deles. Ficaram conosco 4 anos! Abrigaram vários parentes!!!
Mas não cabe...tchau p/ eles!
  
Essa situação meio intermediária não nos dá uma certeza da palavra “lar”, pois ele está em...construção, digamos assim! Assim como uma pessoa espera a casa ser construída p/ habitar nela, nós estamos nessa fase de transição entre uma casa e outra. E no meio disso, está sempre uma casa de parente/amigo ou mesmo um hotel p/ nos abrigar. Ficamos meio sem-teto mesmo!

As partes da casa vão indo embora...você se esquece que já embalou tal calçado que pretendia usar. Os brinquedos das crianças também são embalados e elas acham que estão sendo levados embora p/ sempre!
Aprendemos-nos a desapegar de muita coisa! Gustavo tinha um quimono que ele tinha desde...sei lá, seus 16 anos, quando fazia judô. Foi atleta e ganhou competições com ele. Apesar de ainda servir, as mangas estão curtas. Ele ficou com pena de doar. Mas teve que doar, ia fazer o quê? Esperar Arthur crescer p/ usá-lo? Tchau quimono!

Acho que por isso tenho grande dificuldade, até uma certa insensibilidade p/ compreender como as pessoas se apegam tanto a tantas coisas e lugares! Fico boba de ver gente que não vende o carro que tem há anos, ou não se muda do mesmo apartamento há 40 anos, estudou na mesma escola do maternal ao 3º ano ou sempre tira férias nos mesmos locais! Fico doida! Até aquela casa que a mobília nunca muda! Céus! Entretanto, meu marido que sempre me diz: -Amor, isso é o comum! Militar que é diferente! As pessoas moram a vida toda na mesma cidade sem se sentirem incomodadas! - E ele tem razão! Da mesma forma que as pessoas têm dificuldade p/ compreender como conseguimos "aguentar" essa vida cigana! No meu caso, eu só respondo: - Só conheço esse estilo de vida...ou eu o amo e me permito ser feliz, ou eu detesto-o e complico tudo p/ todos! - E eu amo mesmo! 

Maaaaas, algumas coisas temos de nos desapegar siiiim! Afinal, que vive de passado é museu! Não estou dizendo p/ ninguém se desfazer daquela cristaleira de 120 anos que foi da sua tataravó e nem daquele relógio que seu pai usou no dia do casamento. Sim desapegar daquilo que não nos trás nada de positivo. Só faz lembrar coisas ruins. Ou aquilo que insiste a nos deixar no mesmo lugar, sem avançar, progredir ou crescer!

Claro que algumas coisas são de estimação, por exemplo, eu tenho uma caixa de sapatos velha cheia de cartas que recebi desde que tinha 13 anos! Quando sinto saudades dos amigos e familiares, releio-as. Tem até cartas de amigos que já partiram desse mundo, mas quando torno a ler, parece que eles só permanecem na outra cidade que morei. Como se jamais tivessem partido!
Tem uma faixa de papel, que fizeram na minha despedida de Campo Grande/MS e a galera escreveu cada coisa linda...guardo-o com todo coração! 

É impressionante ver como mudamos ao longo dos anos pelo registro das cartas! Eu leio e penso: - Céus... Olha o que eu pensava! Olha como escrevia! – Dou boas risadas! Mato saudades! Vejo como amigos cresceram, mudaram...alguns, não tenho mais nada em comum, nem falo mais com eles. É a vida, a gente muda, as companhias, ideias e gostos também! Entretanto, é bom saber que em uma determinada época da vida, tínhamos tudo em comum e éramos inseparáveis! E quem sabe, daqui há alguns anos não nos reencontramos e descobrimos que ainda temos em comum muita coisa ainda!

Assim como todos os cartões que nos enviaram quando casamos! Guardo p/ sempre lembrar o motivo de estarmos juntos e quanto as pessoas acreditam em nossa união, o quanto elas vibraram e festejaram conosco! E também, p/ lembrar que cada parte dessa casa, foi mobiliada com os presentes dados com tanto carinho. Cada vez que uso uma panela, ou uma torradeira lembro de cada um que me deu!

Tenho uma outra caixa com toda as cartas, cartões e lembranças dos tempos de amizade (Sim, amizade, tá? Já fomos SÓ amigos), e namoro com Gustavo. Tem ingresso de teatros que adoramos assistir, convites de formatura de cursos, bilhetinhos e etc. Quando estou com saudade dele, por estar fora em campo, viagem ou exercício, abro-a e “recomponho” o vazio que fica quando ele parte. E essa caixinha me deu força muitas vezes p/ encarar nosso namoro a distância.

Isso não jogo fora de jeito nenhum!

Porém, coisas quebradas, papéis sem importância ou valor sentimental, restos de perfume, maquiagem, roupas que não uso há anos, que não me servem mais. Calçados lindos mas que mal uso ou não servem mais. Dou tudo! É impressionante o quanto de tralha que acumulamos!!!

É um porre chegar no outro local e abrir aquela caixa cheia de coisas que você sabe que não vai usar! Vai ser bem mais útil a outra pessoa! Tchau tralha!

Nessa hora vem aquela música "Tendo a lua" do Paralamas: “Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim...” – Coincidência ou não, ele é filho de militar!!! Rará!


Jogar coisas fora te LIBERTA! Liberta de mágoas do passado, contas que você não quer nem ver, te tira de uma fase que você reluta em não sair, ou de um luto que você resiste em não sentir...enfim...como em um vídeo-game, você muda de fase!!! É obrigatório! Ou muda...ou...muda!

Até meus posts aqui me ajudam a se despedir e desapegar...pobre de vocês que têm de ler muitas vezes o mesmo tema! Rs...! Mas é um direito do leitor abandonar a leitura, ou ler em parte e etc. (P/ quem não conhece, aqui estão os 10 direitos do leitor: http://comunidade.sol.pt/blogs/anatarouca/archive/2007/01/23/Os-10-Direitos-do-Leitor.aspx)

Ainda não “estou” no meu outro apê, mas já dei endereço, me disponibilizei p/ ajudar em qualquer coisa, convidei p/ café (sem nem ter onde fazê-lo ainda), anunciei meus cupcakes! Já prometi carona p/ escola das crianças, shopping, academia, me ofereci de babá p/ cuidar dos filhos dos amigos, enquanto eles fazem mudança e por aí vai...

Metade de mim já está lá! Rs...! Pois já não me sinto mais “tão” daqui!
Até porque, vários dos nossos queridos amigos e vizinhos também estão partindo.
Parte da nossa história está indo embora com eles...então, a despedida é inevitável! Só uma questão de tempo! Meu coração fica triste de despedir...mas aberto p/ conhecer os próximos vizinhos, histórias e cia!

Enfim....agora chega de papo que eu tenho que encaixotar umas roupas de cama e toalhas de mesa!!!

Beijos e boa semana!

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